FILOSOFIA

FILOSOFIA

A medicina natural pode acrescentar muito no cuidado geral com as crianças, no tratamento das doenças comuns da infância e na manutenção da saúde.



Os métodos naturais como a Homeopatia e o Ayurveda colaboram com uma postura menos materialista e menos imediatista, desencorajando a auto-medicação, o exagero e a falta de bom senso no uso da alopatia.



É possível mudar os hábitos e usar os recursos naturais a fim de construir um estilo de vida mais saudável, sem deixar de lado a prática médica convencional, com suas indicações precisas.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Para escolher o que comer...

Vamos falar um pouco de Ayurveda aqui no blog.

Para quem não conhece, o Ayurveda é o sistema de medicina tradicional indiano, que tem aproximadamente 3000 anos.Por ser um sistema tradicional, ele lança mão apenas de recursos naturais para a prevenção e o tratamento dos mais diversos males. O Ayurveda é espantoso pois, apesar de ser tão antigo, possui anatomia, fisiologia e patofisiologia muito bem embasados e coerentes. É claro que são diferentes da descrição ocidental, mas fazem toso sentido.

Não vou conseguir explicar aqui as bases filosóficas, anatômicas e fisiológicas do Ayurveda sucintamente.... o assunto é extenso e complexo, fica reservado para os alunos do curso de formação em Ayurveda....

Mas, para descomplicarmos o assunto, preciso explicar sobre a importância do AGNI - o fogo digestivo. Sabendo identificar a qualidade do Agni, podemos desencadear uma serie de cuidados em relação à alimentação, que por si só, já podem ajudar a prevenir uma série de males comuns. Principalmente os das crianças.

As crianças saudáveis costumam ter um agni muito bom. Têm o apetite preservado e que se manifesta em horários apropriados: pela manhã, na hora do almoço, à tardezinha e à noite. Não sabem ainda o que é gula - se é que nós, adultos, já não tratamos de ensiná-los a comer sem ter fome....

Do ponto de vista do Ayurveda comer sem ter fome é um pecado capital! Não ter fome pode dizer duas coisas: uma situação fisiológica em que ainda está acontecendo a digestão da refeição anterior, ou uma situação anormal onde o agni está fraco, incapaz de digerir alimentos naquele momento. Tanto em uma situação como na outra, a falta de apetite deve ser respeitada. 

REGRINHA BÁSICA 1, então: Não devemos nunca comer sem ter fome, quando ainda não se completou a digestão da refeição anterior.Este processo tem que ser completado para que os nutrientes possam ser absorvidos adequadamente e para que não se forme ama - a toxina resultante da má digestão dos alimentos. O acúmulo de ama pode gerar uma série de desequilíbrios importantes! 

REGRINHA BÁSICA 2: no caso da criança estar doente, mesmo que seja só uma gripe, a primeira coisa a desaparecer é o apetite. Isso porque o fogo digestivo está "ocupado" em digerir toxinas. Portanto, não ficar insistindo para uma criança doente comer muito. É valido tentar oferecer coisas fáceis de digerir como uma sopa ralinha, uma canja, um brodo nutritivo, sucos naturais, frutas cozidas ou, se nada disso funciona, apenas o mingau de arroz com uma colherinha de chá de ghee (manteiga clarificada), que os indianos chamam de PEYA. Mesmo um agni fraquinho é capaz de digerir peya, ou seja é a comidinha que ajuda na recuperação do agni, faz o doente se sentir melhor e mais disposto.

No dia a dia, então, devemos estar atentos às combinações de alimentos que por si só tratam de diminuir o agni, portanto pioram a capacidade de digestão e geram mais toxinas. Muitas vezes, o consumo prolongado de combinações alimentares inadequadas pode gerar estados de desequilíbrio como: alergias, catarro, congestão, tosse, dor de estômago, azia, falta de apetite. A incompatibilidade alimentar não só atrapalha a digestão, como confunde a nossa inteligência celular, gerando os mais diversos males.

OUTRAS REGRAS IMPORTANTES:

  • Frutas, de uma forma geral, devem ser consumidas isoladas de outros alimentos. Isto porque as frutas ao serem digeridas, produzem um efeito mais ácido, fermentativo, que misturado a outros alimentos, cria um "suco" ácido e pouco digestivo dentro do estômago, atrapalhando a digestão. O que dizer então de uma bela vitamina gelada de leite batido com banana, maçã e mamão? Muito, muito, muito indigesto. De vez em quando até não faz mal, mas evitar consumir coisas deste tipo diariamente, principalmente se o agni não está bom, se a criança está gripada ou encatarrada, se o dia está frio....  as frutas são ótimas quando consumidas cozidas, com uma canelinha, ou com mel.
  • Não consumir alimentos crus e cozidos na mesma refeição. Tipo, salada de alface, cenoura e pepino, junto com arroz, feijão e bife. Os alimentos crus e os cozidos necessitam de tempos diferentes para serem digeridos. Como os crus levam mais tempo, principalmente grãos, devem ser consumidos esporadicamente e quando a agni está bom. Em dias frios ou em caso de estar doente, dar preferencia só aos cozidos, sopas, melhor ainda!
  • MEL só deve ser consumido cru. Nunca aquecer o mel, pois o calor faz com que suas moléculas fiquem heterogêneas, criando um "cola" que adere às mucosas, produzindo toxinas. O mel in natura é nectar, aquecido é um veneno.
Não misturar:
  • leite com: carne, peixe, batatas, bananas, pães com fermento
  • iogurte com: frutas, leite, limão, ovos
  • ghee com mel em quantidades iguais
  • ovos com feijões, queijo, peixe, leite, carne e iogurte
A melhor forma de consumir:
  • frutas: sozinhas, cozidas ou com especiarias (bananas com mel ou canela)
  • iogurte: na forma de lassi: 1/4 de copo de iogurte com 1 copo de água, 2 pitadas de gengibre em pó e de cominho em pó, ao final da refeição, ajuda a digestão
  • leite: sempre fervido com especiarias
  • carne: na forma de caldo, principalmente na convalescênça
  • líquidos durante a refeição: pequena quantidade e NUNCA gelado
  • ghee: 1 colher de chá em cima do prato quente 

Buon apetit!!! 



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Post no site Cia das Mães!

Gente, quem ainda não conhece, vale super a pena conhecer o site Cia das Mães!
Só tem coisas lindas e gostosas para as mães, bebes, crescidinhos e ate para os papais!
As coisas mais deliciosas, que eu amo sao os slings, as naninhas, as roupinhas e as bebechilas! vale a pena conferir e ficar doida com tanta coisa bonita:

www.ciadasmaes.com.br

Esta semana, elas publicaram um post meu lá, na coluna Vida de Mãe:
Falo um pouco mais da minha estória (quem leu meu relato de parto já conhece bem), da minha opção pelo parto natural e do envolvimento com a medicina natural!

http://www.ciadasmaes.com.br/blog/vida-de-mae/1572-2/


"Quando me perguntam por que escolhi ter um parto natural costumo encher o peito, dar um suspiro e me preparar para contar uma longa estória… a escolha pelo parto natural nasceu lá atrás, antes mesmo de eu imaginar que um dia seria mãe, foi uma conseqüência da minha trajetória de vida.

antes dos vinte anos decidi ser médica. simplesmente eu nunca me imaginei fazendo outra coisa. formei-me em 1999 e fui fazer residência em pediatria. durante meus 10 anos de experiência em pronto socorro, eu sentia duas coisas: uma, que eu tinha uns “filhinhos adotivos” por aí, o que acabou saciando de alguma forma o meu instinto materno. e outra, o medo de um dia passar o que aquelas mães passavam! claro, eu só via um lado da moeda, né? o sofrimento daquelas mães e crianças ficou marcado em mim de forma tão intensa que não me permitia vislumbrar o prazer de ser mãe. felizmente, com o nascimento dos meus sobrinhos isso foi mudando devagarzinho – sendo tia pude experimentar um pouco do lado da moeda que eu não vivia com a pediatria.

logo ao terminar a residência em pediatria, me decepcionei com a medicina convencional. sentia falta de mais proximidade com o paciente e sentia que eu necessitava de uma ferramenta a mais para exercer a medicina de forma integral.

fui fazer uma especialização em homeopatia – isso já era parte daquela tal busca – e encontrei a maneira de exercer minha profissão com maior sensibilidade. mas não bastou… depois disso, vieram as formações em yoga e em ayurveda (a medicina indiana). com elas encontrei uma forma de ver o homem e o universo, muito mais condizente comigo do que aquilo que eu tinha aprendido na faculdade de medicina, que já não me bastava. finalmente, depois da minha última viagem à índia, pude me sentir plena e pronta para a maternidade. a índia é transformadora: fui invadida por um conhecimento que me deixou satisfeita. encontrei respostas para todas as minhas questões metafísicas e existenciais. conseqüência: retornei em fevereiro de 2010 e em março estava grávida!

assim que soube da gravidez, já tive o desejo de ter um parto natural, sem intervenções, deixando simplesmente a natureza agir. aprendi que isso é possível e aplico não só para mim, mas na minha prática pediátrica! ficou muito claro para mim como podemos atrapalhar a natureza, com milhões de intervenções desnecessárias. às vezes um pequeno mal, uma doencinha que o próprio corpo pode dar conta, através da sua sabedoria interna, vira um grande mal, simplesmente porque atrapalhamos o processo natural.

durante a gravidez pude colocar em prática muito do que aprendi. fiz yoga durante a gestação inteira, tomei cuidados especiais, usei ervas adequadas e prestei muita atenção à alimentação. posso dizer que a minha gestação foi a consagração de todo o meu estudo e toda a minha busca.

o yoga e o ayurveda me ajudaram a ter uma gestação tranqüila e a homeopatia me ajudou muito durante o trabalho de parto. conheci pessoas incríveis, que me ensinaram muito. todo o preparo para o parto, para a amamentação me acrescentou demais, à minha vida pessoal e conseqüentemente à minha prática pediátrica.

agora, que minha filha analu já tem 9 meses e que estou de volta ao trabalho, estou mais segura das minhas convicções. não abandonei tudo o que aprendi na faculdade, de jeito nenhum! este é um conhecimento necessário. mas precisa ser usado com critério. posso dizer que fiquei mais satisfeita com o meu modo de fazer medicina e de cuidar da minha filha. com o meu modo de vida.

agora posso entender o que é instinto materno. e percebo que, hoje em dia, o acesso fácil à informação, aos remédios, aos recursos, às intervenções e ao tão valorizado desenvolvimento da medicina, acabaram por ofuscar este instinto. nesta era de modernidade ganhamos muito, mas também perdemos.

nem sempre o que é considerado prático ou confortável é a melhor escolha. o maior exemplo são os índices altíssimos de cesarianas eletivas, sem indicação real. ou, um manual que propõe deixar que seu bebê chore sozinho no berço, até que perca as forças e adormeça. ou ainda, alguns pediatras orientam a introdução precoce de alimentos ou de fórmula, porque a mãe está saindo para trabalhar, esquecendo-se que manter o aleitamento materno exclusivo é possível.

enfim, eu ficaria aqui escrevendo 10 páginas de exemplos de situações em que o natural e o instinto são deixados de lado, em prol do tal conforto e praticidade. mas este é um erro gigante, uma falha de discernimento. a cada vez que deixamos o natural de lado, estaremos deixando de experimentar a vida na sua forma mais real, mais verdadeira, mais humana.

os recursos estão aí para serem usados quando realmente são necessários. em situações extremas, de risco para a saúde e para a vida. mas, excetuando-se estas situações de gravidade, a natureza dá conta. todas nós somos dotadas de instintos e da força do feminino. só precisamos deixar aflorar e confiar.

no meu caso, ter me permitido ter um parto natural, sem intervenções, apenas observando a natureza seguir seu curso e confiando nela, tornei-me outra pessoa. reforcei as minhas convicções e a minha forma de ver o mundo. e entendi, de uma vez  por todas, a minha busca. acho que finalmente cheguei ao primeiro ponto. agora, o caminho continua. sigo confiante na minha própria força, na força do feminino, da maternidade e da natureza, da nossa divina mãe. e feliz, por poder contar com a homeopatia, o yoga e o ayurveda, que permeiam a minha vida, meu modo de ser, meu modo de entender o outro e de exercer a medicina!"

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Novo texto para a coluna no Angelino!

O site Angelino esta de visual novo! Vale a pena conferir as novidades!
Neste mês, que ainda esta bastante frio, aproveitei para escrever algumas dicas e receitinhas ayurvedicas para previnir e combater as doenças comuns do inverno...
Muito calor humano e muitas especiarias para aquecer o corpo e o coração! De uma conferida lá!


RECEITAS PARA AQUECER O CORPO E  DEIXAR A GRIPE LONGE – COMO O  AYURVEDA PODE AJUDAR

Nestes meses de inverno temos experimentado uma variação enorme do clima. Uns dias faz muito frio seco, umidade relativa do ar em estado de atenção. No dia seguinte, a temperatura aumenta uns 9 graus, chove e o ar fica quente e pesado…

Esta montanha russa climática é um desafio para a saúde de todos, mas principalmente para a das crianças.

Mas, felizmente, justamente por serem crianças, estes organismos tem a sua sabedoria interna mais preservada e mais capacidade de responder a todos estes estímulos, retomando o equilíbrio. Quando algum desequilíbrio se instala, surgem as enfermidades.

Do ponto de vista do Ayurveda, todo organismo possui três princípios reguladores, os chamados doshas: vata, pitta e kapha. Para manutenção da saúde é imprescindível que os doshas estejam em equilíbrio para que exerçam corretamente as suas funções. Mas acontece que estamos todos, a todo o momento, sendo bombardeados por estímulos que perturbam os doshas: as alterações climáticas, a alimentação incorreta, as emoções, stress, pressão… Eu poderia enumerar aqui centenas de situações em que os doshas são perturbados, devido ao estilo de vida moderno que levamos.

Mas vamos nos ater às alterações climáticas e às crianças:

Durante a infância, o dosha mais proeminente é o kapha. Ele é composto por terra e água e, por isso, é responsável pelo crescimento do corpo, pela massa, pela estrutura. É a nutrição, o anabolismo. Nesta fase, o organismo está em franco desenvolvimento. Kapha possui os atributos: frio, denso, pesado e oleoso. E é daí que deriva a sua função de promover estrutura e  lubrificação do organismo. Os indianos comparam, muito sabiamente, as crianças a uma uva fresca e os idosos, a uma uva passa, seca. Ou seja, vamos secando ao longo da vida, até ficamos bem enrugadinhos, pois com o tempo,  kapha vai diminuindo e vata, composto de ar e espaço, vai aumentando. A senilidade é a fase vata da vida.

Quando o clima está frio e úmido aumenta kapha. E as crianças, naturalmente cheias de kapha no corpo, passam a experimentar o excesso deste dosha: nariz escorrendo, gripe, secreção, tosse, sinusite e até crise de bronquite ou asma, ou seja, excesso de água. Basta um empurrãozinho do clima úmido e frio e todos estes quadros podem ser desencadeados… Há perda do equilíbrio.

Para evitar que isso aconteça, devemos combater o excesso de água de kapha com o aquecimento do organismo. Tanto externa como internamente. Sim, aquele velho papo de “não pise no chão frio”, “não entre na geladeira”, “não beba gelado”, “coloque um agasalho menino”, faz TODO sentido. Aquecendo o corpo com agasalho, um banho quente ou até um escalda pés é bastante útil para combater os efeitos do tempo frio e úmido.

E, o mais importante: aquecer o corpo internamente. Como? Com especiarias.
 O recurso para a prevenção das doenças do inverno e também para tratá-las pode estar na prateleira da sua cozinha! Para crianças, remédios caseiros são muito interessantes. Primeiro porque não têm efeitos colaterais. Depois porque, em geral, tem um gostinho bom e vem com uma dose extra de carinho da mamãe ou da vovó e, terceiro, porque são realmente eficazes. O tal chá de alho da vovó não é lenda não. Está lá, explicado nos textos antigos de Ayurveda: o alho tem uma propriedade bastante aquecedora, combatendo então, os efeitos do excesso de kapha, que é frio.

Além do alho, as especiarias são um recurso valiosíssimo! Seguem aqui algumas receitinhas caseiras para melhorar os estados congestos (nariz entupido, gripe, tosse com catarro, bronquite):

1/2 colher chá de gengibre em pó ,


1 pitada de canela em pó e outra de cravo em pó


Misturar tudo em 1 xícara de água fervente, como um chá. Pode coar e adoçar, se quiser.

 Ou ainda,
 1/2 colher de chá de gengibre em pó,
1 pitada de pimenta do reino
Misturar em 1 colher de sobremesa rasa de mel. Aí, comer este “brigadeirinho” 1 ou 2 vezes ao dia. Não fica ruim e nem ardido demais, acredite! Ou a mesma coisa, só que com cravo em pó: 1 pitada pra 1 colher de chá de mel.

 Um ótimo truque para cessar a tosse noturna é esfregar a sola do pé com gengibre em pó, ou colocar uma fatia do gengibre fresco dentro da meia. Além de cessar a tosse, o pé amanhece sequinho e sem chulé.

Inalação com uma decocção de sálvia também é ótimo: coloque algumas folhas de sálvia em um pouco de água fervente e abafe. Você pode esperar esfriar e colocar no inalador ou inalar a fumaça que se desprende da decocção quente (isso é um pouco perigoso para crianças pequenas pelo risco de queimaduras).

 Outra recomendação válida é evitar a todo custo alimentos frios e pesados como sorvete e iogurte. O leite deve ser consumido fervido e com especiarias, como a canela, cardamomo ou nós moscada.

 Percebam que todos os ingredientes que citamos acima possuem características aquecedoras – a canela, o cravo, o gengibre, a pimenta do reino, são ótimos para serem usados no dia a dia, numa sopa, por exemplo, em forma de chás e de remédios caseiros. O mel, por si só, é um ótimo remédio, mas deve ser consumido apenas por crianças maiores de 1 ano, pelo risco de botulismo, ok? E não deixar de consultar o pediatra caso apareça febre, cansaço ou queda importante do estado geral.

Bom, agora é tratar de esquentar os pés com um cobertor bem quentinho, um chá de especiarias e muito calor humano até o inverno passar…



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