O Andrezinho já está com 6 meses e só agora consegui sentar
para escrever o relato de parto. Na verdade, me deu uma vontade súbita de
reviver os momentos que me marcaram e me transformaram tanto!
Tanto no parto do André, como no da Analu, tive experiências
maravilhosas. Diferentes, mas igualmente intensas. Vocês sabem, o parto da
Analu foi um parto natural lindo, hospitalar, sem nenhuma intervenção. Sem anestesia,
sem episio. O trabalho de parto durou bastante, mas tudo muito tranquilo, sem
pressa, sem desespero. Um verdadeiro nascimento em PAZ.
O parto do Andrezinho foi bem diferente: rápido, intenso,
cheio de força e energia e hoje entendo por que.
Mas, vamos contar a estória desde o início.
Analu estava com 1 ano e 3 meses. Tinha acabado de desmamar.
Flavio e eu ainda na dúvida, mas cogitando muito de longe, se teríamos um
segundo filho ou não. Tínhamos motivos tanto para ter, como para não ter. A
decisão estava empatada e nós ainda não sabíamos como desempatar.
Até que em janeiro de 2012, dei falta da minha menstruação.
Ela só tinha vindo duas vezes, pois amamentei a Analu até quase um ano. Hummm...
frio na barriga, mas mesmo assim, eu me enganando nas contas, demorei para
achar que estava mesmo grávida. Deixei passar um tempinho. Nada. Falei para o Flavio,
olha, to atrasada. E ele: ah, você tá grávida, mané! E eu: nããaooo... e ele: tá
sim, foi aquele dia assim assado, tenho certeza que você errou nas contas. E
eu: será? (sem saber o que sentir, tinha uma confusão dentro de mim...) E ele:
vai logo fazer um teste de farmácia. E eu fiz. Saí do banheiro chorando
adoidado com aquele bastãozinho na mão, entreguei a ele. E ele: ahn? Que que
deu? E eu: buáaaaa E ele: Sil, você tá
grávida! Eeeeeeeee! Analu, você vai ganhar um irmãozinhoooo! E eu: buáaaaaa!!!
A notícia veio completamente de surpresa. Eu totalmente desprevenida.
A Analu tinha recém parado de mamar, estava começando a andar, eu começando a
sentir que a minha vida e meu corpo estavam voltando ao normal e, de repente...
tudo volta para traz: barrigão, roupa de grávida, sutiã de amamentação,
dedicação, noites em claro... mamá, mamá, tudo de novo... puts, desabei! Fora meu
pai, que ainda não estava totalmente recuperado da doença, minha mãe
ocupadíssima e estressadíssima, eu dando plantões... socorro! Pirei!
Mas, a alegria do Flavio e o tempo foram me acalmando. Na minha
primeira consulta com a obstetra, a Lu Taliberti, (tirei o “doutora” porque
somos colegas de faculdade!), chorei, chorei... e ela me acalmou, acalmou...
fui tão acolhida, recebi beijos e abraços e parabéns e força!... esta primeira
consulta foi essencial para que eu voltasse ao meu eixo e conseguisse ver de
novo como é grande o milagre da vida, como é lindo estar grávida, quantas bênçãos
que estava recebendo com a chance de ter mais um bebê na minha vida e na nossa
família!!!
A consulta com a Lu foi essencial também por causa do tipo
de parto. Mesmo no meio da minha confusão uma coisa eu sabia: não queria nem
por decreto passar por uma cesária. Nem correr o risco. Por isso procurei a Lu.
Sabia que ela ia me entender, não iria de jeito nenhum me tachar de doida por ter
escolhido um parto natural para a chegada da Analu.
E assim foi em todo pré natal: as consultas com a Lu cheias
de carinho e de um forte apoio ao parto normal. Estávamos em sintonia total:
ela entendendo a minha vontade de parir e eu confiando que ela me deixaria
parir em PAZ!
E fomos indo! Rapidinho fui entrando em sintonia com a
gravidez e com o bebê. As aflições foram ficando para trás e me sentia
novamente radiante grávida. A Analu foi crescendo e entendendo que “vai chegar
o seu irmão”, que ela rapidinho apelidou de Simão = seu irmão!
Logo no comecinho liguei pra minha querida amiga Aninha para
começarmos a fazer aulas de yoga para gestante. Foi uma delícia! Eu, que já
conhecia a Aninha de outras aventuras yóguicas (fizemos o primeiro ano de formação
com o Pedro Kupfer juntas, em 2007, e logo ficamos amigas) também pedi que ela me
doulasse no parto do André. Então, fizemos yoga, cantamos mantras, conversamos
muito sobre o parto e tudo isso também ajudou a tornar a gravidez muito mais
tranquila!
Em julho, já quaseno terceiro trimestre de gestação, o Flavio foi
viajar a trabalho. Assim como na gravidez da Analu, só que desta vez, corríamos
o risco dele estar fora no dia do parto... eu não queria nem a pau parir sem
marido, apesar de ter o plano B da minha irmã ser minha marida, caso ele não
estivesse. Mas não tinha o que fazer, a não ser esperar... nunca que cogitaríamos,
nem eu nem ele, de marcar uma cesária para que ele pudesse estar presente.
Antes sem marido do que de barriga cortada!
Mas, ele tinha conseguido uma folga para vir a São Paulo na
semana da data prevista do parto. Torcíamos e rezávamos para que o Andrezinho
colaborasse e nascesse na semana em que o pai dele estivesse presente.
E chegou a 39o. semana. A DPP (40 semanas) era 10 de outubro e dia 29 de setembro
o Flavio chegou. Ficaria até dia 8 de outubro. Neste dia já comecei a tomar uma
homeopatia para ver se ajudava a engrenar um trabalhinho de parto.
Eu tinha certeza que o Andrezinho não chegaria até a 40o. semana, pois já estava grandão e a Analu tinha nascido de 39 semanas e um dia.
Ficamos confiantes. Dia 2 de outubro, meu aniversário, tive consulta com a Lu.
O Flavio foi junto. E ela: a barriga está alta hein Sil? Por enquanto tudo
quieto. E eu: ai Lu, esse muleque tem que nascer esta semana!!! (ansiedade
batendo a mil né?) E ela: bom, posso tentar uma ajudinha aqui... (ai, eu sabia
o que era – a famosa e dolorida “dedada” – descolamento de membranas) ain...
mas, com meu consentimento, ela fez. Doeu vai, mas nem tanto. Passou logo. Eu queria
acelerar um pouco as coisas, fazer esse Andrezinho ficar mais esperto pra
vir!!! Fomos confiantes para casa.
Fiz uma festinha de aniversário com a minha família, corri pra lá e pra cá, com
aquele barrigão, peguei muito a Analu no colo e ainda demos uma namoradinha! E
então....
No dia seguinte, bem cedinho, começaram as contrações!
EEEEEEEEE!!! Que legal, que legal, Andrezinho estava a caminho! Continuei tomando
a homeopatia para regularizar bastante o trabalho de parto e em 4 ou 5 horas eu
já estava em trabalho ativíssimo! Não tinha terminado a manhã ainda e eu já me
sentindo parindo, afe, com aquela inquietude, andando para lá e para cá,
vontade de fazer cocô.. tipo vamos que vamos!!!
Não eram nem 11 da manhã já ligamos para Lu dizendo que a
coisa estava rolando solta! E fomos para o hospital. A Aninha também já estava
sabendo e nos encontrou lá.
Cheguei no São Luiz já anunciando que ia parir! Hahahahaha,
foi ótimo porque isso já acelerou a burocracia toda. O segurança que fica na
porta, todo gentil, me ajudou a descer do carro e me levou até o sofá, disse:
pode sentar aqui, vou chamar a enfermeira... e eu: ai moço, obrigado, mas não
dá pra sentar não! Hahahahaha ai ai ai ai.... chama logo!
Aí a enfermeira de plantão já me examinou (toda aflita
achando que eu ia parir ali mesmo) estava com 8 cm de dilatação, bolsa integra!!!
Eeeeeeeee!!! Como me animei!!! Tão rápido!!! Corre, corre pro Centro
Obstétrico.
Cheguei lá achando que eu ia só tossir e Andrezinho nascer,
mas não foi bem assim. O danadinho estava alto pra chuchu, dilatação total e
ele lá em cima. A dor tava pegando, eu fui ficando cansada... já tinha
agachado, ficado na posição deitada, sentada, assim, assada e nada... já tava
rolando mantra, massagem, carinho, e nada.. e a dor pegando... neste momento, a Marcia, que tinha sido a
parteira da Analu, estava lá na sala ao lado, foi me dar um beijo de boa
sorte! Tão legal encontrar pessoas queridas numa hora dessa! Aumenta a sensação
de alegria, de festa, de boas vindas e a gente se sente mais revigorada! A Renata,
colega de Med ABC também, que fez todos os meus ultra-sons também foi me dar um
beijo nesta hora.
Aí, a Lu sugeriu uma raqui. Topei, pensei: me alivia um
pouco a dor e esse muleque desce e nasce. Fizeram, tranquilo. Pedi para o
anestesista não me deixar totalmente sem dor. Uma dorzinha é boa pra gente
perceber a contração e fazer força na hora certa. E assim ele fez. Aí andei, agachei,
mudamos do CO para o Delivery Room e o Andrezinho: alto. E eu, cacilda, cadê
esse muleque?
Em algum momento a Lu rompeu a bolsa, com meu consentimento,
para o menino descer. Pensamos, agora vai, chama o pediatra, eu achando que ia
cuspir o muleque. Nada.
Meu!!! Eu comecei a ficar ansiosa. E a Lu... ah a Lu... e a
Dani, que estava auxiliando... as duas... numa caaaalllmmaaaa..... calma, Sil,
ele deve estar em alguma apresentação diferente, pra demorar tanto para descer,
mas o coraçãozinho está ótimo, vamos em frente! E eu dando graças a todos os
deuses, Ganesh, Buda, Jesus de ter procurado estas duas lindas para cuidarem da
gente! O olhar da Lu me transmitia muita confiança. Em nenhum momento senti que
ela titubeava tipo: bora rachar essa barriga antes que o bebê entre em
sofrimento, ou faça, cocô na barriga, ou qualquer coisa assim, desse papo de
fazer parto normal virar cesárea...
Bom, a coisa foi demorando. Eu ficando cansada. A raqui
passou e a dor voltou com tudo. Forte mesmo. Uma dor diferente da do parto da
Analu, quase que eu não podia com ela. A Lu sugeriu uma peri contínua e
fizemos. Da mesma forma, pedi pro anestesista não me deixar totalmente sem dor.
E fiquei feliz com a minha anestesia e mais confiante e com mais força pra
continuar.
Em certo momento, a Lu conseguiu palpar direitinho a cabeça
do nenê e me disse: ele tá em OS Sil!!! Quer dizer, vai nascer olhando pra
cima! (Uma posição anômala, que faz o parto demorar mais, mas que nasce
tranquilo mesmo assim).
E vamos que vamos, força boa, coragem, tranquilidade e
segurança na minha obstetra, confiança na minha doula, apoio do meu marido,
vamos vamos...
Já no finalzinho, vejo meu cunhado entrando no delivery! Hahahahaha
como assim??? Ele, que é medico lá do São Luiz, foi só perguntar de mim e a enfermeira
puxou ele pra dentro da sala! Hahahaha nem sei se ele curte essas emoções de parto,
mas falei: Aeee Giba, fica a vontade, tá uma festa aqui, já já nasce!
Apesar da demora o clima era de muita festa e muito astral! E
vamos lá, mais umas forças e lá estava a cabecinha dele aparecendo! E a Lu: ai
Sil, deixa eu fazer uma episio, pequenininha... e eu.. ahn... essa foi a única parte
que eu não gostei. Mesmo. Mas eu já estava tão cansada, o Andrezinho já estava
tão perto, que deixei. Falei: faz Lu, faz o que precisar que eu quero esse
muleque no meu colo!
Então, todo mundo me segurou pelas costas, eu praticamente
sentei e dois segundo depois.... nasceu o Andrezão, olhando para mim, em OS,
numa defletida grau 1. Meu, que mulecão!!! Nasceu tranquilex, chorou um pouco e
logo se aquietou no meu colo. O Douglas examinou ele ali mesmo e tudo ótimo!
Dois minutos e meio depois meu bebezão já estava mamando! Puts! Nasceu com
fome, com uma força, parece até que nasceu ensinado!!! Meu menino já mostrando
a que veio! Eu não poderia estar mais feliz!!!! Flavio babando, Aninha, Lu,
Dani, Douglas, todos vibrando e eu... ahn, que sensação maravilhosa, de amor,
de plenitude, de ter posto mais um rebento no mundo!
AI COMO É BOM PARIR!!!!
Andrezão ficou no meu colo por mais ou menos umas duas
horas. Neste tempo ele mamou, foi bastante mimado, se aqueceu e se aquietou.
Ganhei muitos e beijos e abraços e parabéns e uma nova festa de aniversário, só
que no dia seguinte!
Só depois que toda a equipe já tinha saído e que eu
precisava subir para o quarto, ele foi pesado (3580g! uau!) e foi um pouco pro
colo do Papai. Minha mãe, como no parto da Analu, foi lá me ver , ficou comigo
e me ajudou a bater um belo prato de comida.
E assim foi! Um partaço. Diferente do primeiro, não menos
emocionante. Nem mais emocionante. Tive que passar por intervenções, mas nada
foi feito sem meu consentimento. Também não fui induzida a nada. Seu eu
resolvesse parir sem anestesia, a minha querida obstetra Lu estaria lá, do
mesmo jeito, pra me ajudar a parir.
Este foi o ponto mais importante do meu segundo parto – tudo
foi diferente (também, pudera, foi uma gestação diferente, um bebê diferente,
uma posição diferente, uma equipe diferente. O parto ia ser diferente de
qualquer forma) mas tudo que foi feito, foi feito com meu consentimento. Nada foi
imposto. Toda a equipe me transmitiu tanta segurança... a equipe e principalmente
a Lu, bancou meu parto. Abraçou minha causa. Fui respeitada na minha vontade de
parir e de ser eu a protagonista do parto. E o André pode nascer do jeito que
ele escolheu, na hora que ele escolheu, com o mínimo de intervenções. Por isso,
serei eternamente grata!
“necessário, somente o necessário... o extraordinário é
demais!”
A força e a occitocina foram minhas, não me instalaram um
sorinho para acelerar o parto, acreditando que a natureza faz acontecer. Ah, se
faz! É só a gente não atrapalhar...
Namaste!