FILOSOFIA

FILOSOFIA

A medicina natural pode acrescentar muito no cuidado geral com as crianças, no tratamento das doenças comuns da infância e na manutenção da saúde.



Os métodos naturais como a Homeopatia e o Ayurveda colaboram com uma postura menos materialista e menos imediatista, desencorajando a auto-medicação, o exagero e a falta de bom senso no uso da alopatia.



É possível mudar os hábitos e usar os recursos naturais a fim de construir um estilo de vida mais saudável, sem deixar de lado a prática médica convencional, com suas indicações precisas.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

RELATO DE PARTO - Compartilhando a experiência

Sem dúvida, o nascimento da Analu, do jeito que foi e na época que foi, foi o resultado da minha trajetória de vida e da minha busca pela minha verdadeira identidade.
A gravidez da Ana Luisa foi bem planejada. Flavio e eu já estávamos casados há uns três anos quando ele começou a pensar em filhos.

Ele, talvez por ser nove anos mais velho do que eu, tinha mais pressa. Eu, ainda nos meus trinta e três anos, só tinha pressa de investir na minha vida profissional e na tal busca de identidade. Ainda não tinha sido tomada por aquela vontade bacana de ser mãe.

Formei-me médica em 1999 e fui fazer residência em Pediatria. Talvez isso tenha me tirado, por algum tempo, o romantismo da maternidade. Afinal, nos meus 10 anos de Pronto Socorro, eu convivi diariamente com situações estressantes, de mães preocupadas com as crianças que, infelizmente, não estavam nada bem. Elas precisavam do meu cuidado, exigindo de mim o máximo de dedicação e de senso de responsabilidade. Atendia cada uma delas com o maior carinho, mas, hoje, dando uma repassada por aqueles tempos, percebo que eu sentia duas coisas: uma que eu tinha uns “filhinhos adotivos” por aí, o que acabou saciando, por algum tempo e de alguma forma, o meu instinto materno. E outra, o medo de um dia passar o que aquelas mães passavam! Claro, eu só via um lado da moeda, né? Tamanha era a intensidade do meu sentimento e da minha responsabilidade e compromisso com aquelas mães e crianças, que o sofrimento delas ficou marcado em mim, de uma forma tão intensa que não me permitia vislumbrar o prazer e tudo de mais sublime que há em ser mãe. Felizmente, com o nascimento dos meus sobrinhos, filhos da minha irmã mais nova, isso foi mudando devagarzinho – sendo a Tia Sissi pude experimentar um pouco do lado da moeda que eu não vivia, com a pediatria.

Logo ao terminar a residência em Pediatria, me decepcionei com a medicina convencional. Sentia falta de mais proximidade com o paciente e sentia que eu necessitava de uma ferramenta a mais para exercer a medicina de forma integral. Fui fazer uma especialização em Homeopatia – isso já era parte daquela tal busca – e encontrei a maneira de exercer minha profissão com maior sensibilidade. Mas não bastou... depois disso vieram as formações em Yoga e em Ayurveda ( a medicina indiana). Com elas encontrei uma forma de ver o homem e o universo, muito mais condizente comigo do que aquilo que eu tinha aprendido na faculdade de medicina, que já não me bastava. Tudo isto me mostrou a vida de forma mais real e me trouxe a segurança de que as coisas são como são e tudo está perfeitamente bem.

Em janeiro de 2009, durante uma viagem à Índia, uma das minhas amigas, a Ju, planejava uma gravidez. E realmente em fevereiro de 2010 ela deu à luz a uma linda menina, de parto natural em casa.

Eu já tinha ouvido falar em parto domiciliar, mas como médica, a primeira opinião foi “isso é loucura”. Resquícios daquela parte cética da faculdade de medicina... Mas, depois de tudo o que aprendi nesta minha trajetória, pude me abrir para esta possibilidade do parto natural e entender a motivação da minha amiga.

Em janeiro de 2010 retornei à Índia e desta viagem voltei em paz com a idéia de ser mãe. Mais que isso, estava decidida e finalmente tocada pelo verdadeiro instinto materno – a vontade bacana tinha finalmente brotado no meu coração. Acho que destravei alguma coisa lá na Índia... ou amarrei todos os nós da minha busca... sei que, com a tenacidade do Flavio, que tem uma pontaria danada para chutar e marcar... GOL!

Cheguei da Índia em fevereiro e em março estava grávida!

A gestação

Desde a minha chegada já estava em contato de novo com a Ju. Ela me contou todos os detalhes do seu parto, me passou o contato do GAMA e eu fiquei encantada e decidida a ter um parto natural e humanizado. O que me motivou a ligar para ela foi um sonho tão vívido que tive, sonhei que estava dando de mamar a um bebê pequeninho e peladinho, tão vívido! Na verdade eu já estava grávida e ainda não sabia! No mesmo dia, liguei para a Casa Moara para marcar uma consulta com Dr. Jorge. Disse à secretária que seria uma consulta para conhecê-lo melhor, pois estava planejando uma gravidez. Mas o nenê já estava na barriga!

Na semana seguinte, atrasou minha menstruação. Fiz o teste de farmácia e bingo! Positivo! Saí do banheiro toda saltitante, só para confirmar para o Flavio que era gravidez mesmo! Pois depois de um sonho como aquele... atraso menstrual... eu sempre reguladinha... estava achando mesmo... que talvez... viesse nenê por aí... sabe como é? E era! Toca ligar de novo para a secretária do Dr. Jorge, olha, eu disse que não estava grávida, mas acabei de descobrir e tal! Hahahaha! Que alegria!

Enfim, depois fizemos o primeiro ultrassom, com a minha amiga Luciana, antes mesmo de ir à consulta, de tão curiosa e ansiosa que eu estava... médica, né? Difícil me desfazer d este estereótipo! É uma verdadeira missão! Enfim...

A gravidez correu bem! Não tive nada, nada, nada... apesar de ter medo de tudo! Que bobagem... de intercorrência mesmo, não tive nada! Fui usando as ervas e óleos indicados para gestantes que trouxe da Índia, procurando não ganhar peso e seguindo as orientações do meu pré-natal e tudo deu certo!

Mas duas coisas aconteceram que marcaram minha gravidez. Dois grandes sustos que me deixaram marcas.

Em junho, estava saindo do AMA onde trabalho e fui assaltada à mão armada. O bandido nem reparou na minha barriga, ainda estava pequena mesmo e eu estava cheia de roupa. Foi horrível – fui revistada por ele, o meu carro também... ele acabou levando só umas coisas... mas perdi minha aliança... meu esteto... meu otoscópio... foi um baita susto e um desapontamento tão grande, ser assaltada dentro do meu local de trabalho! E grávida –e aí, já viu, todo tipo de situação surge na nossa mente, né? Tipo: “médica grávida morre na porta do AMA, vítima de assalto”... credo – sei que o desapontamento foi tanto, que acabei saindo de licença médica em setembro, pois não estava dando para eu trabalhar com tranqüilidade... a barriga já grandona, e as minhas Braxton-hicks, que começaram logo cedo, pioravam bastante com o meu stress!

Em outubro, já com 8 meses, (a DPP era 5 de dezembro), meu pai adoeceu gravemente. Foram três semanas de internação, sem um diagnóstico preciso. E a cabeça à mil pensando em tudo quanto é nome de doença séria...Foi grave, a sensação de ver meu pai tão fragilizado, emagrecido, tomando nutrição parenteral... foi realmente indiscritível. Nunca tinha visto meu pai doente... meu papaizinho, meu porto seguro!... Graças à Deos ele devagar foi se recuperando, teve alta e eu pude ficar mais tranqüila...

Em meio a tudo isso, meu marido Flavio viajou a trabalho e ficou 2 meses e meio em Campo Grande. A saudade foi grande, sentia bastante falta dele ao meu lado, curtindo a barriga e tal. Mas agüentei firme. Sabia que o trabalho dele é assim mesmo e que este sacrifício ia ser revertido em bastante coisa bacana para nossa família, que estava começando! Eu tive muito apoio da minha família neste período e também foi muito importante o papel da equipe de profissionais da Casa Moara!

Durante a viagem do Flavio eu freqüentava bastante as reuniões de gestantes na Casa Moara! Foram nestas reuniões que conheci a Marcia Koiffman e toda a sua delicadeza – foi quando quis que ela fosse minha parteira. Nas reuniões falávamos de tudo, eu tirava as minhas dúvidas e também aprendia bastante sobre parto humanizado! Apesar de ser médica, eu simplesmente não conhecia esta possibilidade, nunca tinha atinado que era possível ter um parto sem intervenções, mesmo no hospital. Até então, para mim, parto normal tinha anestesia, ocitocina e episiotomia. Sem isso, só se nascesse em casa, por acidente, sabe? Quando não dá tempo? Foi como aprendi na faculdade... e que alívio o meu, já tão envolvida com medicina natural, encontrar uma equipe de profissionais com esta proposta tão... natural! Ser tão bem acolhida, conversar, trocar experiências, ler vários relatos de parto, assistir aos vídeos, tudo isso foi fundamental para a minha escolha.

A presença da minha doula, a Marcelly, também foi fundamental. Ela me acompanhou desde o 3º mês, fazíamos aulas de yoga toda semana na minha casa, e ela acompanhou tudo o que aconteceu, o assalto, a doença do meu pai, a reforma do apê (e tinha isso também)... e nas práticas de yoga ela me ensinava mais sobre parto humanizado.... fui ficando cada vez mais tranqüila com a idéia de ter a nenê sem intervenções.

O Flavio sempre apoiou a minha opção, o que foi também fundamental para mim, já que venho de uma família de médicos alopatas e bastante céticos. Comecei dizendo a eles que gostaria de ter parto normal... mas só mais para o final da gestação que entenderam que era um parto natural mesmo, o que eu queria. Chegaram a pensar que eu tinha um parafuso a menos, mas agüentei firme. Apesar de eu já estar considerando o parto domiciliar uma possibilidade, Flavio e eu acabamos optando por um parto humanizado no hospital. Um parto domiciliar seria demais. O Flavio logo disse que não encararia um parto em casa, pelos motivos pessoais dele, que respeitei. Imaginei também a aflição da minha família, principalmente do meu pai, pediatra de 40 anos de carreira, cético e alopata, se eu tivesse a nenê em casa. Se eu fizesse escondido, tipo falar de última hora, olha a nenê nasceu em casa, pode vir visitar... isso para ele ia ser como uma traição, acho eu. Então, ficou decidido que a Analu nasceria no hospital, no delivery room.

Assisti a vários vídeos de parto na água e fiquei apaixonada pela delicadeza de um nascimento assim. Tinha bastante vontade que a Analu nascesse na água, pela suavidade, e fiquei empolgadíssima com a banheirona do delivery room, que até então eu nem conhecia!

Enfim, foi assim que transcorreu a gravidez da Analu! Adorei o barrigão e me sentia o máximo! Fotografei bastante, fiz bastante yoga e fiquei super feliz e tranqüila de só ter feito três ultrassonografias durante toda a gestação! Eu percebia que a nenê estava bem, já sabia que ela estava cefálica, via que nas consultas tudo corria bem, altura uterina compatível com a idade gestacional... então, para que mais ultrassom? E todo mundo ansiosíssimo, quando é o próximo, mas você não quer saber quanto ela está pesando? Quando vai fazer o ultrassom 3D? Etc etc... Agüentei firme a pressão do povo, pois eu sabia que podia ficar sossegada, tudo estava perfeitamente bem! Meu corpo também me dava esta certeza!

E, já com 38 semanas, fui à consulta com a Márcia, a minha parteira. Ela reparou que eu tinha diminuído um pouco de peso e me explicou que isso pode acontecer quando está chegando perto da hora do parto. Ela me sugeriu também um medicamento homeopático, apenas para favorecer o trabalho de parto, disse que se eu quisesse poderia começar a tomá-lo. Enfim, nem preciso dizer que adoro homeopatia e então segui a recomendação dela. Tomei as gotinhas na tarde da noite de 26 de novembro e às 5:30h da manhã do dia 27, comecei a ter umas contrações!

O trabalho de parto

Estava lá, num soninho bom quando começou uma dorzinha... eu já sabia que eram contrações e que estava começando o trabalho de parto. Levantei, fiz um xixi, avisei o Fla, ihh... acho que a Analu já quer nascer... e voltei a dormir! Dormi tranqüila, mesmo com as contrações até as 8:30 da manhã... aí levantei e comecei a contar a freqüência e duração delas. Vendo que estavam ficando regulares, lá pelas 9:00h liguei para a doula, a Marcelly. Ela me orientou direitinho e continuei a contar. A partir de umas 10 da manhã a coisa começou a apertar mais. Nesta hora o Flavio já estava comigo para lá e para cá, segurando a minha mão e me ajudando a encontrar a posição mais confortável. As dores iam e vinham com intervalos menores e já eram mais fortes, me fazendo levantar e andar pela casa, apoiar no sofá, sentar na bola que a Marcelly tinha deixado aqui para mim... Avisei a Marcia. Ela me disse que logo estaria aqui, lá por volta da hora do almoço.

Eu tinha combinado de ir pela manhã com a minha mãe, comprar não-sei-o-que não-sei-aonde com a minha mãe. Então, tive que ligar para ela avisando que não ia dar para ir, mas não quis deixá-la ansiosa dizendo que a nenê pode nascer hoje, estou indo para o hospital, sabendo que o trabalho de parto ainda poderia durar bastante... Acabei dizendo mãe estou com umas contraçõeszinhas, a Marcia vem aqui me ver mas acho que não é nada não...

As dores continuaram regulares e antes da hora do almoço me senti nauseada, com vontade de vomitar. Corri para o banheiro e disse para o Flavio que eu queria ficar ali sentada no chão, perto do vaso. Aí ele me trouxe uma almofada, para eu não encostar no gelado... e ligou para a Marcia. Ela respondeu que quando aparece náusea ou vomito é que a coisa já está meio adiantada e que já estava vindo já.

Rapidinho chegaram as duas, praticamente juntas! A Marcia me examinou, fez uma manobra de parteira ali no meu colo do útero, que nem doeu e eu já estava com 6 para 7 cm! Ai, fiquei super contente!!! Já era hora de ir para o hospital! E fomos, o Flavio procurando a bendita carteira que ele nunca sabe onde está, pegando as malas, ah e não esquece o óleo que eu trouxe da Índia, pegou a carteirinha do convênio? Cadê a chave do carro? Etc etc...

O Flavio foi dirigindo e eu fui com a Marcelly atrás. Nessas alturas as dores já estavam para valer e a Marcelly me colocou numa posição confortável e ia me fazendo massagem na lombar. Até o hospital foi rápido, era sábado e eu estava tranquila pois sabia que não havia motivo para pressa...

Chegamos na recepção e ficamos aguardando um pouquinho, mas que mais parecia um poucão, porque as dores vinham e eu não conseguia ficar sentada no sofá da sala de espera. Cada vez que vinha a dor, me ajoelhava no sofá e apoiava os cotovelos no encosto. E me abaixava e já dava uns gemidos... e as gestantes que estavam ali me olhando como se trabalho de parto fosse uma coisa de outro mundo ou até graça a deus não vou ter que passar por isso porque vai ser cesária... a hora que a coisa começou a demorar mesmo, aumentei o volume dos gemidos e as caretas, de propósito, para eles de apressarem! Rsrsrsrs.. deu certo!

Fui para o primeiro atendimento com a Marcia, que explicou que já havia me examinado e por isso não precisava ninguém mais me examinar, com a Marcelly e o Flavio chegou logo em seguida. Fiz a cardiotoco e logo me levaram para a Delivery Room.

Chegando lá logo tirei toda a roupa – um alívio – e entrei na banheira... ah... me ajudou bastante com as dores e pude até relaxar entre elas. O dr. Jorge chegou logo em seguida e já estava ciente de todo o andamento da coisa. Uma enfermeira exagerada do hospital quis ir se apresentar com o tom de voz no último volume, e eu bem simpática, fiz sinal com a mão, tipo já entendi, pra ela... Eu queria sossego e volume baixo...

E assim fiquei nem sei por quanto tempo...A bolsa rompeu dentro da banheira, eu nem reparei. O Flavio colocou música para nós... mas eu quase não ouvi... a certa altura o dr. Jorge falou para eu recitar aqueles mantras que eu gosto... mas não consegui... em uma outra hora ele quis me mostrar alguma coisa com a minha mão, eu não alcancei, ele pediu então um extensor de braço e eu achei que ele falava sério... só sei que fechei os olhos o tempo todo mas pude sentir que a todo momento tinha uma mão para eu apertar, uma palavra de carinho e de incentivo no meu ouvido... eu chamava... Jooooorge.... Maaarcia... Flaaaa.... e o tempo todo todos estavam lá para mim... não sei nem dizer o tamanho do conforto que isso dá, a segurança e tranqüilidade que todos me passaram... sem isso eu não teria conseguido agüentar esta fase do trabalho de parto, pois foi bem intensa!

A certa altura comecei a ficar mole e tonta na banheira. Mediram minha pressão e ela estava baixa, então tive que sair. Colocaram um soro fisiológico para melhorar o meu mal estar e tentamos sentar na banqueta. Mas não deu muito certo não, eu ficava tonta, em parte por causa da dor. Sempre fui de ficar tonta com dor, no dentista, para tirar sangue, sempre peço para ficar mais reclinada, para não escurecer a vista. Acabou que eu me ajeitei reclinada, de ladinho, segurando a perna direita...

E assim, na cama, todo mundo ia se revezando, ora segurando uma perna, a outra, minha mão, meu pescoço... com todo esse apoio entrei na fase do expulsivo.

Não sei quanto tempo durou, mas percebi nitidamente a hora de fazer força. Dá uma vontade de fazer força, ela vem. É tipo força de cocô mesmo. Nesta hora dr. Jorge e a Marcia me ajudaram muito, demais, porque iam me orientando quanto tempo de força eu devia fazer...1..2..3..4.....8..10! e aonde a força deveria ser feita. Por não ter sido anestesiada, eu sentia direitinho o lugar do períneo que era para fazer força, e pedia para que eles me apontassem o lugar, me facilitou demais isso! E a Marcia ia dizendo, ótimo, que força boa, desceu bastante... e eu apesar de quase exausta fechava a boca e fazia mais força 1..2..3..4......8..10! tomava dois fôlegos e no terceiro, de novo: 1..2..3..4......8..9..10! e o Flavio dizendo coisas bonitas no meu ouvido, me segurando... a mão da Marcelly sempre ali pronta para mim... e mais uma força...

Em um determinado ponto fiquei ansiosa por achar que tudo estava demorando demais! Pintaram alguns medos de que alguma coisa pudesse estar saindo errada, coisa de médica boba, como foi difícil esquecer a medicina! Para me dar mais conforto o dr. Jorge colou o aparelhinho da cardiotoco na minha barriga, assim eu podia ficar ouvindo o coração da nenê e me acalmar... cheguei até a pedir anestesia, assim, de leve, tipo, ai dr. Jorge, será que eu preciso de anestesia? Mas acabei esquecendo – estava terminando!

Mais para frente um pouquinho eles me ajudaram a sentir a cabeça da nenê com os dedos! Faltava só um pouquinho assim para ela nascer! Isso me encheu de ânimo! Dava até para sentir os cabelinhos! Já já ela ia estar nos meus braços!

E assim foi! Mais umas forças, não sei quantas, ouvi o Dr. Jorge explicar que eu iria sentir o tal círculo de fogo – e senti mesmo, direitinho, quando coroou a cabeça da nenê! E agora mais uma força, calma, calma, uma força média, não muito forte para sair o queixinho e saiu, eu senti saindo... aí descansei um pouquinho e na contração seguinte, fiz mais uma força média, passaram os ombrinhos e rapidinho em seguida, o tórax e o resto do corpo! Era exatamente 7:38h da noite de sábado.

Nasceu!

AAAAHHHH!!!! A Analu está aqui!!! Deixa eu ver, deixa eu ver... ai minha menininha.... foi o que eu disse e também um “puta vida”... de alívio! Hahahaha! Senti um alívio tão grande, uma sensação tão boa que mistura o eu consegui, com missão cumprida, com agora sou mãe, com minha menininha... e neste exato momento do nascimento passou t-u-d-o, foram embora a dor, o cansaço, o medo. Sentia-me perfeitamente bem!

A Márcia ou o Jorge colocaram a Analu na minha barriga e o Flavio pode curtir comigo a presença da nossa filhinha tão cheia de pureza...definitivamente é uma alegria incomensurável, difícil de descrever! Não esqueço o contato com a pele dela, tão delicada...

A Analu nasceu chorando forte, tipo gata brava, tigreza, que ela é! Abriu os olhinhos, deu uma olhada em volta e se aquietou no meu colo... logo veio o Douglas, o pediatra, dar uma examinada nela e me sossegou dizendo que estava tudo ótimo! Me mostrou o tônus e me disse para não me preocupar que ela já estava bem rosadinha!

Ela nasceu perfeita e saudável, não precisou ser aspirada, não fizemos crede e ela só saiu do meu colo umas 2hs depois... neste tempo ela mamou, no tempo dela, do jeito dela, sem ninguém cutucar, mexer ou apressar... só depois é que foi pesada e foi para o colo do papai!

Enquanto a Analu ficava no meu colo, minha mãe pôde vir me ver! Foi uma delícia tê-la ao meu lado nessa hora tão especial. Recebi todo o carinho dela, que só mãe sabe dar... ela me deu comida na boca, já que eu estava ocupada segurando a Analu para ela mamar. Deu uma fome monstra depois de todo o esforço! E mandei ver a comida do hospital, achando que estava uma delícia!

Depois desse tempo delicioso, a Analu subiu um pouco para o berçário central (o que é obrigatório) e eu e o Flavio aproveitamos para relaxar um pouco. Fiquei bem a noite toda, com ela ao meu lado. De madrugada tomei banho e no dia seguinte estava zerada, falante e faminta! Adorando tudo!

Tivemos alta na segunda pela manhã, depois de recebermos algumas poucas visitas no hospital. Apenas os mais íntimos apareceram, esta foi uma opção nossa mesmo, para podermos ficar os três mais juntinhos, conhecendo esta nova realidade de sermos três! OS pães de mel com o nome dela que minha mãe havia encomendado só ficaram prontos depois da alta, mesmo...

De coração...

Então, é esta a nossa história! Uma história em que pudemos escolher o roteiro e contamos com pessoas maravilhosas para termos um final mais que feliz!

Eu especialmente, no momento do nascimento da minha filha e até hoje, não encontro palavras para agradecer aos meus queridos gurus: dr. Jorge, Marcia e Marcelly! Digo meus gurus porque guru, em sânscrito, quer dizer professor, no sentido mais bonito da palavra – aquele que mostra o caminho, que é repleto de conhecimento e de sabedoria. Os três me mostraram o caminho a seguir até conseguir ter um parto natural. Considero que esta foi uma verdadeira jornada na minha vida e, sem eles, eu não teria conseguido! Guru é também, mais metaforicamente, a representação da luz e da escuridão, sendo guru aquele que dissipa a escuridão e traz à luz! Aos meus gurus, aqueles que me ajudaram a dar à luz, minha eterna gratidão!

O Douglas, que alívio tê-lo conhecido! Ter ao meu lado um pediatra que não faz intervenções desnecessárias foi um alívio para mim! Logo que engravidei fiquei encanada que a nenê fosse ser cutucada de tudo quanto é jeito no hospital, ou logo levada dos meus braços para tomar um banho intempestivo e ficar na vitrine do berçário! Com ele tive a certeza que a Analu ia receber apenas os procedimentos estritamente necessários, podendo ficar sossegada comigo, nas duas horas mais importantes da minha vida... Caro Douglas, a Analu pediu que eu agradecesse!

Sem o Flavio, meu marido, a jornada também não seria possível! Ele me deu todo apoio do mundo, principalemente durante o trabalho de parto e no nascimento. Ele que, durante toda a gestação, achou que ia desmaiar, sair correndo, fugir da sale etc... ficou do meu lado c-a-d-a segundo, sem titubear! Foi corajoso e aproveitou muito a experiência maravilhosa de literalmente acompanhar o nascimento da filha... meu querido marido e companheiro, para você todos os meus beijos mais doces e meu carinho sem fim!

Aos meus pais queridos, sempre, sempre me apoiando, apesar de acharem as minhas idéias meio malucas... adorei o carinho da minha mãe me dando comida na boca e meu pai, que estava com febre no dia que Analu nasceu, me dizendo que já tinha sarado com a notícia! Meus pais queridos, amo vocês!

E a Analu, minha filha linda, nossa pequena Lakshmi, nossa piccola bambolina, que foi forte e corajosa e que nos deu o momento mais lindo de todas as nossas vidas!
                            
                                   

Que haja Paz e Luz! OM SHANTI!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

PRÓLOGO

Namaskar!

Criei este espaço inspirada pela experiência maravilhosa que estou tendo há alguns meses: ser mãe! A decisão de engravidar, o cuidado durante a gestação, o parto natural, a amamentação e os cuidados com minha filhota... tudo permeado pela medicina natural e pela minha busca pessoal.

No meu outro blog, bem mais antigo, compartilho um pouco da minha busca, que permeia estilo de vida, medicina e espiritualidade. Lá também está o meu relato de parto : http://silsg.blogspot.com/

Ao longo dos anos, através da medicina convencional, da Homeopatia, do Yoga e do Ayurveda, tracei um caminho que me transformou no que sou hoje. Aliás, continua transformando pois a busca não terminou. Creio que não terminará nunca! Mas hoje em dia, com a maternidade, sinto-me mais realizada! Pude experimentar a força da natureza e do feminino em toda sua plenitude. Tive uma experiência sensorial e até espiritual, através do parto natural. E agora vivo a maternidade em toda sua intensidade. Cheguei aonde queria, quebrei paradigmas e passei por cima de preconceitos.

Tudo isso junto contribui muito para a minha prática pediátrica. Não só aravés da minha própria vivência, mas também através de tudo o que aprendi com as pessoas que cruzei durante a minha trajetória. Pessoas diversas, de idades diferentes, de crenças, raças e profissões diversas. Médicos, profissionais da saúde, diversos professores, mães, crianças ou a simples convivência com culturas diferentes acrescentou demais à minha vida como um todo e, portanto, também à minha prática profissional.

 Neste espaço vamos compartilhar tudo isso: a minha e também a sua experiência. Para qualquer tipo de aprendizado, a troca é fundamental - e é isso que poderemos fazer aqui - trocar, para que possamos seguir aprendendo!
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