FILOSOFIA

FILOSOFIA

A medicina natural pode acrescentar muito no cuidado geral com as crianças, no tratamento das doenças comuns da infância e na manutenção da saúde.



Os métodos naturais como a Homeopatia e o Ayurveda colaboram com uma postura menos materialista e menos imediatista, desencorajando a auto-medicação, o exagero e a falta de bom senso no uso da alopatia.



É possível mudar os hábitos e usar os recursos naturais a fim de construir um estilo de vida mais saudável, sem deixar de lado a prática médica convencional, com suas indicações precisas.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

SLING é moda ou tradição?

Este texto recém saído do forno é a minha primeira participação como colunista do site ANGELINO:
www.angelino.com.br, que é super legal, cheínho de dicas para pais e filhotes!

Vamos falar de slingar, que eu e Analu adoramos!

"Toda vez que me sinto atropelada pelo estilo de vida atual, olho para trás. Quando me sinto aflita com a modernidade vou resgatar, lá na tradição, algum costume já consagrado que me dá um pouco mais de certeza de que estou escolhendo com mais sabedoria. Em várias ocasiões da minha vida, resgatar o tradicional pesou mais e me trouxe mais benefícios do que ceder ao imediatismo, à facilidade e à pressa da atualidade. Assim foi na minha busca por exercer uma especialidade médica de forma mais sensível e consagrou até a minha escolha mais íntima de ter um parto natural, totalmente livre de intervenções.

Esta também é a história do SLING, que agora está tão “na moda”. Na verdade, sling é muito mais que moda, é um costume tradicional. E feliz, observo o resgate de mais um costume ancestral! Amarrar o bebê ao corpo da mãe (ou do pai, ou do irmão mais velho, ou de quem se dispuser a ajudar) é ancestral. Diversos povos ainda têm este hábito e, ainda hoje, podemos ver mães carregando seus filhotes enrolados ao corpo, na América do Sul, na África, a Ásia… Um hábito presente em culturas muito diversas! Atualmente, este hábito até ganhou um novo nome: babywearing, traduzindo do inglês, algo como vestir o seu bebê.

Com a modernidade, os bebês deixaram de ser carregados no colo para serem deixados nos carrinhos ou moisés. Hoje em dia existe até a tecnologia dos carrinhos de bebês, que os tornou mais leves, lindos e práticos.Toda mãe almeja ter um carrinho chique e moderno. Mas me pergunto: quem foi que teve a idéia infeliz de tirar os bebês dos colos de suas mães? Quem foi que pôde achar que um carrinho para bebês é melhor do que a maciez da pele e da doçura do cheiro da mãe? Bebês, desde os tempos imemoriais, foram carregados no colo e, de repente, vem a modernidade e muda tudo!

Meu instinto maternal é que faz estes questionamentos. Mas os argumentos concretos estão baseados no conceito da “gestação extra-uterina” ou “quarto trimestre”, desenvolvido por alguns estudiosos, entre eles o antropólogo Ashley Montagu. Segundo esta linha de pensamento, os três meses que se seguem ao nascimento são muito importantes na vida do bebê. Nesta fase acontece a adaptação ao mundo exterior. Durante a vida intra-uterina, o bebê vivencia uma situação de conforto, abraçado pelas paredes do útero, ouvindo constantemente os batimentos cardíacos da mãe e sentindo o seu balanço. Está aquecido e envolvido, em um ambiente com pouca luz. A vida fora do útero é um mar infinito de espaço livre para o bebê. Ele se sente solto, tem muito frio, não enxerga o suficiente ao seu redor.

Por isso o uso do sling é tão interessante. Dentro dele o bebê fica aquecido, ouvindo os batimentos cardíacos, sentindo o cheiro e o balanço da sua mãe. Bebês slingados são comprovadamente mais tranqüilos, dormem melhor, têm menos cólicas e, portanto, choram menos, para alívio de seus pais.  Usar o sling também favorece a amamentação. Primeiro porque o contato íntimo com a mãe fortalece o vínculo mãe-bebê (não podemos deixar de lembrar que a amamentação é um aprendizado para os dois).  E depois, porque bebês mais tranqüilos mamam melhor.

Dentro do sling, o bebê pode dormir, mamar ou ficar interagindo com o mundo, enquanto a sua mãe se ocupa de outras tarefas. À medida que vão crescendo, sentem-se participando de tudo, sentem-se como parte do mundo, e assim desenvolvem confiança e auto-estima. O uso do sling ajuda a desenvolver o senso de interdependência. As crianças se habituam, desde a mais tenra idade, ao fato de sermos seres interdependentes. E  é neste momento em que se planta a semente de que não precisamos ser tão individualistas e competitivos.

Alguém poderá me questionar: mas ficar muito com o bebê no colo não vai deixá-lo mimado demais? E eu respondo com um veemente não. Bebês pequenos precisam de colo e de contato pele a pele. Eles não têm como se informar do que acontece à sua volta, pois primeiramente, não estão adaptados ao mundo exterior e segundo porque seus sentidos não estão desenvolvidos. Eles simplesmente não sabem o que fazer para se acalmarem. Eles não sabem levar a mão à boca para sugar, não enxergam um móbile para se distraírem, o seu corpo ainda não se mantém aquecido sozinho e sentem muito frio. É vital e fisiológico, que um bebê receba calor humano e que ele seja embalado para que se acalme.

O sling pode ser usado até quando você quiser ou puder carregar o seu filho no colo. Um ano e meio, dois anos, ou além… muitos slings suportam o peso de 20kg. O uso não tem restrições nem contra-indicações. A postura do bebê ou da criança dentro do sling é mais fisiológica e mais adequada para a coluna do que nos carregadores modernos tipo mochila. E além do mais, o sling permite posições variadas: como se o bebê estivesse deitado em uma rede, para os recém nascidos. Ou barriga-barriga com a mamãe, ou sentado de frente olhando o mundo, para os maiorezinhos que já sustentam a cabeça. Ou ainda, de cavalinho na cintura, ou até nas costas da mãe.

Por tudo isso, o sling é muito mais do que apenas um acessório da moda. Se você escolher “vestir-se com seu bebê” estará escolhendo ter um bebê mais calmo, mais seguro e mais esperto. Terá mais chances de sucesso com a amamentação e, mamãe e bebê poderão usufruir dos inúmeros benefícios do aleitamento materno. Estreitará o vínculo do bebê com os pais, ou com quem cuidar dele. E experimentará a sensação de que deixar a modernidade um pouco de lado abre espaço para a tradição, para o instinto e para o nosso senso de humanidade, tão deixados de lados na vida atual.  Não deixa de ser uma forma de contribuição individual para o benefício universal, não é?"


Uma mamãe Butaneza slingando!
(tirei esta foto em 2009 na trilha do Tiger Nest, no Butão)

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